segunda-feira, outubro 31, 2005
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terça-feira, outubro 18, 2005
domingo, outubro 16, 2005
quinta-feira, outubro 13, 2005
Sem Abrigo
Fonte:Fotografia-na-net
Cenário deprimente,
Uma vida de indigente,
Que afecta muita gente,
De forma indiferente.
Vida Madrasta,
Difícil, nefasta,
A sorte que se afasta,
Um corpo seco que se arrasta.
Um banco como lar,
Um cartão para aconchegar,
Uma vida passada a lutar...
Um viver sem respirar.
Um beco sem saída.
Uma recordação sofrida,
De um vida que foi vivida
E que hoje não passa
de uma memória perdida.
In: Olho bem aberto
terça-feira, outubro 11, 2005
segunda-feira, outubro 10, 2005
sábado, outubro 08, 2005
quinta-feira, outubro 06, 2005
Notas para o diário
deus tem que ser substituído rapidamente por poemas,
sílabas sibilantes, lâmpadas acesas, corpos palpáveis,
vivos e limpos.
a dor de todas as ruas vazias.
sinto-me capaz de caminhar na língua aguçada deste
silêncio. e na sua simplicidade, na sua clareza, no seu abismo.
sinto-me capaz de acabar com esse vácuo, e de acabar comigo mesmo.
a dor de todas as ruas vazias.
mas gosto da noite e do riso de cinzas. gosto do
deserto, e do acaso da vida. gosto dos enganos, da sorte e
dos encontros inesperados.
pernoito quase sempre no lado sagrado do meu coração,
ou onde o medo tem a precaridade doutro corpo.
a dor de todas as ruas vazias.
pois bem, mário - o paraíso sabe-se que chega a Lisboa
na fragata do alfeite. basta pôr uma lua nervosa no
cimo do mastro, e mandar arrear o velame.
é isto que é preciso dizer: daqui ninguém sai sem
cadastro.
a dor de todas as ruas vazias.
sujo os olhos com sangue. chove torrencialmente. o
filme acabou. não nos conheceremos nunca.
a dor de todas as ruas vazias.
os poemas adormeceram no desassossego da idade.
fulguram na perturbação de um tempo cada dia mais
curto. e, por vezes, ouço-os no transe da noite. assolam-me
as imagens, rasgam-me as metáforas insidiosas, porcas. ..e
nada escrevo.
o regresso à escrita terminou. a vida toda fodida - e
a alma esburacada por uma agonia tamanho deste mar.
a dor de todas as ruas vazias.
Al-Berto
Horto de Incêndio
Assírio & Alvim
3ª edição - Dezembro 2000